Métodos de Pesquisa e Prospecção Mineral

Métodos de Pesquisa e Prospecção Mineral

A prospecção mineral é uma etapa fundamental para a descoberta e caracterização de um depósito mineral. Uma campanha prospectiva dá-se pelo reconhecimento de áreas com potencial econômico e seleção de alvos prioritários em escala regional, passando-se progressivamente a escalas maiores onde serão realizados estudos de detalhe.

 

A atividade envolve também grandes riscos financeiros tendo em vista que a descoberta de depósitos economicamente viáveis leva tempo e, por vezes, diversas tentativas frustradas.

 

Os métodos de prospecção mineral são diversos e dependem do tipo de substância que se está estudando. No artigo de hoje relacionamos alguns métodos de prospecção e suas características principais, veja abaixo.

1- Compilação e Análise bibliográfica

A pesquisa bibliográfica é uma importante aliada no levantamento de informações existentes e estudos já realizados na região alvo. A preparação para a prospecção mineral se inicia com pesquisas em artigos e publicações, além do estudo de mapas geofísicos, geológicos e a leitura relatórios técnicos disponíveis.

Para esse levantamento, deve-se realizar buscas utilizando diferentes palavras-chave que definam bem o objetivo da pesquisa ou a informação que se procura. Nessa etapa, será encontrado um volume expressivo de informações que devem ser filtradas de acordo com a qualidade e relevância do conteúdo.

Para quem deseja fugir do grande fluxo de informações que a busca direta disponibiliza, é possível realizar pesquisas em plataformas mais especificas, de acordo com a informação que se deseja obter:

Google Acadêmico: repositório de teses, artigos científicos, resumos, monografias, dissertações e livros;

Scielo: artigos e outros trabalhos acadêmicos. Essa plataforma apresenta uma ferramenta de busca avançada, onde é possível selecionar o índice que se deseja pesquisar, como autor, periódico, resumo ou título;

ResearchGate: compartilhamento de arquivos e de publicações, fóruns, discussões metodológicas, além da busca semântica por resumos das publicações armazenadas no repositório;

CPRM: acesso a bancos de dados corporativos que reúnem informações sobre geologia e recursos minerais em cartas geológicas, disponíveis gratuitamente para download;

IBGE: acesso a folhas topográficas em diversas escalas, também de forma gratuita.

SEDAR: publicações de empresas listadas em bolsa. Na plataforma é possível encontrar Relatórios Técnicos Públicos (NI43-101 ou JORC).

Quando o foco da pesquisa é um substancia específica e quando inexistem ocorrências parecidas na região, a busca bibliográfica deve ser feita de forma a analisar em primeira instância quais os tipos de rocha poderão ser fonte do mineral.

 

2- Análise de imagens aéreas

A análise de imagens aéreas pode ter um papel importante na identificação de novos alvos de prospecção mineral. A utilização de técnicas de sensoriamento remoto, através de interpretação visual de imagens de satélite/ radar, se apresenta como uma solução eficaz na análise de diferentes formas de apreensão de paisagem, fundamentais na identificação e interpretação dos diversos elementos geológicos expostos nas imagens.

Os diferentes tipos de sensores (satélites) hoje disponíveis possibilitam a criação de MDE (Modelos Digitais de Elevação), mapeamento de estruturas geológicas, confecção de mapas pré-campo, identificação das formas de relevo e planejamento logístico (identificação de estradas, vias de acesso, drenagens, etc).

Identificação de alvos de prospecção mineral por análise de imagens aéreas.

Algumas imagens aéreas podem ser obtidas gratuitamente em plataformas como:

Google Earth: A plataforma possibilita a obtenção de imagens de boa resolução espacial que podem ser georreferenciadas para aplicação na prospecção mineral.

INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais): acesso a um banco de dados com imagens de mais de 10  satélites. O meio de envio padrão das imagens (gratuitas) é por transferência de arquivos (FTP) via Internet.

Terra Incógnita: Programa para baixar mapas de fontes da Web ou mapas de arquivos locais para vários programas ou dispositivos GPS.

Para quem deseja investir um pouco mais nesse método, alguns satélites modernos possuem resoluções capazes de identificar alvos para prospecção mineral utilizando a refletância dos minerais (forma de cada mineral refletir ou absorver a luz solar, registradas por sensores aerotransportados ou em órbita).

Nesse caso, com o auxílio das diversas bibliotecas de assinaturas espectrais e de softwares de processamento de imagens de satélite, é possível identificar áreas anômalas de concentração de minerais ou grupos de minerais, possibilitando a identificação de zonas de alteração hidrotermal e concentrações anômalas de minerais.

 

3- Construção de mapas base

De acordo com a disponibilidade de informações, é possível realizar o planejamento e a interpretação inicial da área de mapeamento definida, antes da realização das visitas de campo.

Nesse caso, é possível montar um banco de dados (shapes, imagens de alta resolução, mapas geológicos, modelo digital de terreno) e integra-los em um mapa preliminar, que irá reunir as principais informações geológicas regionais, servindo como suporte para o inicio dos estudos da geologia local. Para a obtenção dessas informações é possível recorrer a plataformas como:

CPRM: mapas geológicos, geofísicos, topográficos, mapa de drenagem, etc…

IBGE: mapas topográficos

GOOGLE EARTH: imagens aéreas

 

4- Levantamentos de Campo

O conhecimento detalhado e profundo da geologia local é a condição básica para um plano de pesquisa de sucesso. Além de outros fatores como as condições estruturais, a estratigrafia e petrografia do trecho. Para esse reconhecimento, o levantamento de campo é uma etapa fundamental.

O trabalho de campo é feito a partir de visitas iniciais, que podem ser feitas a pé ou por meio de veículo. A intenção é se familiarizar com o terreno, e examinar os afloramentos, ocorrências conhecidas e corte de estradas ou taludes.

Os levantamentos de campo iniciais devem ser feitos preferencialmente após estudo bibliográfico e fotointerpretação preliminar da área de interesse, direcionando as observações que devem ser feitas na região para locais geologicamente mais promissores, onde temos conhecimento de seções estratigráficas completas, mineralizações importantes ou ainda, padrões de fotointerpretação mais comuns.

O estudo cuidadoso de afloramentos, principalmente de tipos de rochas ou das formações que vão sendo encontradas pela primeira vez, facilitará a etapa de mapeamento geológico da área.

 

5- Mapeamento Geológico

No Mapeamento Geológico o profissional responsável irá reunir todas as informações obtidas e interpretadas em estudos bibliográficos, de campo e laboratório, em um mapa que busca determinar a posição geográfica de rochas que estão sob a superfície e suas atitudes. O produto final é um Mapa Geológico georreferenciado, apresentando informações litológicas e estruturais dos corpos geológicos presentes no local do estudo.

Os dados originais obtidos no mapeamento devem ser organizados na forma de um Relatório de Serviço e/ou Banco de Dados em computador contendo: mapa de “pontos”, fichas de análises petrográficas, analises químicas, transcrição da caderneta, etc.

O relatório também deve se ater aos aspectos importantes ao conhecimento geológico da área dentro do objetivo da prospecção mineral, além dos fatos julgados fundamentais e as interpretações e hipóteses relativas â evolução geológica.

 

6- Geofísica

A geofísica de prospecção investiga os cinco primeiros quilômetros da crosta terrestre. Essa investigação é feita por meio da observação dos efeitos causados nos campos físicos e na propagação de ondas por variações nas propriedades físicas dos materiais da crosta. As variações nas propriedades físicas estão relacionadas à concentração de minerais que são economicamente importantes (minerais-minério) ou às estruturas onde esses minerais se encontram.

Como a concentração dos minerais minério é controlada por fenômenos geológicos, é possível, a partir do conhecimento desses fenômenos, estabelecer uma estratégia de prospecção com os métodos geofísicos mais indicados para a sua detecção.

Para o estudo da geologia em caráter regional, é possível utilizar dos mapas públicos de levantamentos geofísicos que são disponibilizados ao público por alguns Serviços Geológicos.

Para um estudo mais detalhado que forneça maior assertividade no estudo geológico local, é recomendável que se realize um estudo geofísico mais detalhado, utilizando-se de técnicas como a gravimetria e a magnetometria.

Os custos dos meios geofísicos são dos mais variados, onde os levantamentos feitos por vôos são os mais caros, enquanto métodos locais e caminhamentos apresentam preços mais acessíveis.

 

7- Sondagem

É o método mais comum na prospecção da maioria das substâncias extraídas pela mineração, capaz de fornecer informações importantes na configuração das subsuperfícies, dando suporte ao reconhecimento da quantidade e qualidade do material estudado.

Testemunhos de sondagem

Os furos devem ser planejados com a finalidade de proporcionar a maior quantidade de informação sobre a distribuição de teores no depósito mineral, bem como fornecer uma base razoável para a interpretação geológica.

Os testemunhos que serão coletados ao longo do intervalo perfurado irão otimizar a representatividade do corpo mineralizado reduzindo incertezas tanto na modelagem geológica como na estimativa de recursos minerais.

Os custos variam de acordo com o tipo de rocha que será perfurada e a profundidade que se pretende alcançar.

 

Em resumo, existem diversos métodos de prospecção mineral e o ideal é que eles sejam utilizados em conjunto para que se possa ter o melhor entendimento da área alvo. Sendo assim, as etapas de um processo de prospecção mineral podem contemplar:

  • A pesquisa bibliográfica, buscando todas as informações disponíveis sobre os tipos de ocorrência mineral e estudos já realizados na região;
  • A análise e interpretação de imagens de satélites da região de interesse e circunjacentes próximas;
  • A elaboração de um mapa base para se realizar os estudos iniciais da área, buscando constatar em campo algumas informações obtidas em escritório;
  • O mapeamento geológico, para identificar as rochas, minerais, feições do terreno e outras características da área a ser prospectada.;
  • A geofísica terrestre (a depender do tipo de depósito), agregando novas informações sobre a configuração das formações presentes na região;
  • A campanha de sondagem, que irá aumentar a confiabilidade dos dados levantados nas etapas anteriores e suportará a caracterização do depósito.