O cobre foi um dos primeiros metais a ser descoberto e extraído pelo homem. Seguido do ferro e do alumínio, o cobre é o terceiro metal mais consumido em todo o mundo.
Devido às suas propriedades, cerca de três quartos da sua produção se destinam à indústria de fabricação de fios elétricos, cabos de telecomunicações e eletrônicos.
O metal está em crescente demanda como principal matéria-prima em infraestrutura de energia e tecnologias verdes.
Se você tem interesse em saber mais sobre esse importante metal, continue lendo esse conteúdo. Nesse texto iremos abordar:
- Aplicações do cobre;
- Contexto econômico;
- Panorama brasileiro dessa commodity
O minério de Cobre
O principal minério de cobre (mais abundante e significativamente econômico) é a calcopirita, um sulfeto de cobre e ferro. Outros sulfetos importantes são a calcocita e a bornita, além de óxidos como a cuprita e carbonatos como a malaquita.
O cobre metálico puro é extraído a partir de um processo de enriquecimento e beneficiamento em múltiplos estágios, começando com a mineração e concentração de minérios de baixo teor contendo minerais de sulfeto de cobre, e seguido pela fundição e refino eletrolítico para produzir um cátodo de cobre puro (forma de cobre que tem uma pureza de 99,95%). Uma parte do cobre é produzida a partir da lixiviação ácida de minérios oxidados.
Aplicações do Cobre
As principais aplicações do minério de cobre são:
- Infraestrutura de energia: cabos e fios elétricos de transmissão
- Equipamentos eletrônicos
- Construção civil
- Fiação, radiadores, conectores, freios e rolamentos usados em carros e caminhões
- Uso na medicina como material antibactericida
- Uso na arquitetura
- Uso em instrumentos musicais
- Joias e objetos domésticos
- Entre muitas outras!
A produção de cobre está em crescente demanda visto que o minério é a principal matéria-prima em infraestrutura de energia, como motores de veículos elétricos, transformadores e transporte de energia.
Aplicações elétricas constituem cerca de 66% do consumo anual de cobre, abrangendo a indústria da construção civil no uso de fiações elétricas e tubulações e a indústria elétrico-eletrônica – todos equipamentos eletrônicos apresentam cobre, como a sua televisão e o seu celular.
É um componente essencial nos motores, fiação, radiadores, conectores, freios e rolamentos usados em carros e caminhões. Um carro médio contém 1,5 km de fio de cobre, e a quantidade total de cobre varia de 20 kg a 45 kg.
Por isso, o cobre se constitui um metal extremamente necessário na nova economia verde: o meio mais econômico de transmitir eletricidade de fontes solares e eólicas são os cabos feitos do metal, além de ser um material fundamental no gerador e nos transformadores de força, em estações de recarga e nos veículos elétricos que os utilizam.
Segundo analistas do Goldman Sachs, “não há descarbonização sem cobre”, e denominam o metal de “o novo petróleo” (Valor Econômico, 2021). Previsões atuais para novas instalações de turbinas eólicas entre 2018 e 2028, indicam que mais de 3 milhões de toneladas de cobre serão consumidos nessa indústria.
Cobre: Reservas minerais e países produtores
De acordo com os dados mais recentes do US Geological Survey, a produção global de cobre atingiu 2 milhões de toneladas em 2024. A maior produção está nos Andes, compreendendo o Chile e Peru.
O Chile representa 22.72% da produção mundial de cobre e produz cerca de 5 milhões de toneladas por ano.
A maior mina produtora de cobre do mundo é atualmente a Mina Escondida no Chile, que é propriedade conjunta da BHP e da Rio Tinto. O seu nome, Escondida, se dá porque o corpo de minério principal está escondido abaixo de centenas de metros de cobertura, sem presença de afloramentos superficiais.
Produção de Minério de Cobre no Brasil
A produção brasileira de cobre é responsável por 7% da produção mundial e concentra-se nas minas do Sossego, Salobo, Chapada, Caraíba, Niquelândia, Fortaleza de Minas e Americano do Brasil.
A jazida de cobre mais importante do país é a mina Salobo, em Marabá (PA), pertencente à Salobo Metais, subsidiária da mineradora Vale, que entrou em operação em novembro de 2012. A mina apresenta reservas de cerca de 1,4 bilhão de toneladas de minério.
Nesse sentido, o país apresenta um potencial geológico favorável para expansão da mineração de cobre para outras regiões. Ainda que a maioria das operações de extração do minério estejam concentradas em Carajás, a entrada de novos players tem contribuído nesse processo.
Em entrevista ao jornal Valor Econômico– Setorial Mineração, Marcos Martins, analista da CRU Group, cita que essa expansão tem ocorrido principalmente no interior da Bahia, como no Complexo em Curaçá da Mineração Caraíba, controlada pela Ero Copper. Outros exemplos são a mina de Chapada em Goiás, adquirida recentemente pela Lundin Mining, e a Mineração Vale Verde, que tem por objetivo desenvolver o projeto Serrote no munícipio de Craíbas, Alagoas.
A produção e a exportação brasileira do minério de cobre obtiveram notável crescimento a partir do início de 2020, depois de um período de estabilização nos últimos anos. Com as atuais altas dos preços da commodity e a alta do dólar, o mercado se tornou atrativo para as mineradoras.
Em 2020, o Brasil produziu 1,3 milhão de toneladas de minério de cobre, segundo dados da ANM. As exportações brasileiras totalizaram cerca de 1,15 milhão de toneladas em 2020, sendo 75% deste volume correspondente ao minério de cobre, e 25% na forma de sulfetos.
Segundo o IBRAM, no primeiro semestre de 2021, a exportação de cobre foi de 541 mil de toneladas, com valor de US$ 1,5 bilhão. O faturamento da exportação de cobre foi de US$ 713 milhões, uma variação positiva de 57% em valor (dólar) se comparado ao primeiro trimestre de 2020.
O fator mais importante associado com a evolução na produção e exportação de cobre brasileiro se deve ao aumento da demanda chinesa, principal país importador de commodities minerais do país. Ainda em 2020, a China obteve melhorias da situação da pandemia no país, permitindo o avanço na crise estabelecida e o restabelecimento do parque produtivo, resultando em um aumento dos preços do cobre, cotados em dólar.
Mesmo com o aumento da exportação e produção do minério de cobre associado à operação de novas minas da Vale, o mercado interno do país ainda é dependente da importação da commodity, principalmente do Chile, Peru, Estados Unidos e Holanda. O resultado acumulado de 2021 poderá, no entanto, reverter este quadro tendo em vista a alta das exportações observadas no último biênio.
Cobre e o contexto econômico atual da commodity
Em termos históricos, desde a década de 60 o preço do cobre elevou substancialmente, com um grande pico a partir dos anos 2000, que reflete sobretudo o aumento da globalização e demanda chinesa pela commodity.
No geral, 2020 foi um bom ano para o cobre, embora o preço do minério tenha sofrido uma queda induzida pelo COVID-19 no início de março de 2020 – como foi o caso com a maioria das outras commodities, e atingiu uma alta recorde na primeira metade de 2021.
No Brasil, a previsão de investimentos no setor mineral entre o período de 2020 a 2024 é de US$ 32,5 bilhões, onde os investimentos no cobre representam 5,42% do total, segundo dados do IBRAM.
Três fatores têm impactos importantes na dinâmica de oferta e demanda de cobre (*):
1. Demanda chinesa: A China é o maior consumidor de cobre e outros minerais importantes do mundo. Cerca de 47% do cobre do total mundial é consumido apenas pela China, o que é mais do que as Américas, Europa e África juntas. Nesse contexto, de acordo com Saulo Liberato, diretor da Saga Consultoria em entrevista ao Valor econômico, “A retomada do crescimento chinês, a forma que o país enfrentará os problemas ligados à escassez de energia elétrica e a crise da construtora Evergrande darão o tom do ritmo do crescimento do setor no curto prazo”.
2. Produção da mina: As interrupções na mina são outra influência importante no preço do cobre. Normalmente, as interrupções na mineração de cobre são atribuídas a licenças ou disputas trabalhistas. Por exemplo, como quando a mina de Escondida no Chile enfrentou uma greve trabalhista no início de 2017 que interrompeu a produção por várias semanas.
No entanto, em 2020 e 2021, a principal causa da queda está ligada à pandemia do coronavírus, onde muitos setores foram afetados, sobretudo pela pausa na produção. Exemplo disso foram os efeitos da pandemia no país andino o que deixou dúvidas sobre sua produção e oferta de cobre. O impacto na economia se dá pelo o fato de que o Chile é o maior produtor do metal no mundo, como já citado anteriormente.
3. Flutuações de estoque: O aumento dos estoques de cobre pode pesar no preço do metal, enquanto a queda nos estoques pode impulsionar o preço do cobre. Os estoques em queda nos últimos anos ajudaram a elevar os preços do cobre, com os estoques da Bolsa de Futuros de Xangai (ShFE) e da Bolsa de Metais de Londres (LME) sofrendo quedas significativas. As quedas geraram um aumento na demanda por sucata de cobre.
(*) informações de Investing News.
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Referência
- Vale;
- Economia UOL;
- Doebrich, Jeff, 2009, Copper–A Metal for the Ages: U.S. Geological Survey Fact Sheet 2009-3031, 4 p., available at https://pubs.usgs.gov/fs/2009/3031/.
- Live Science;
- USGS.gov;
- Copper Metal;
- Commodity;
- Investing News;
- IGeoguide;
- Portão da Mineração;
- Valor.globo;
- IEA.org;
- Mining.com;
- Icsg.org;
- geology.com;
- IBRAM
- USGS;
- Cleanroom Technology;
- ANM;
- Notas Geo;