Potássio: Reservas, Mercado e Produção

Potássio: Reservas, Mercado e Produção

Brasil é um grande produtor agrícola, sendo o quarto maior exportador mundial de produtos agrícolas, atendendo a demanda interna e externa. Esse cenário não seria possível sem o uso dos fertilizantes minerais, dentre eles o potássio.

potássio é um dos elementos básicos na produção de fertilizantes NPK (compostos de Nitrogênio, Fósforo e Potássio). Os minerais potássicos são considerados estratégicos no cenário brasileiro que, infelizmente, apresenta uma alta dependência externa. Diante desse cenário, a pesquisa voltada a minimizar a dependência de importação dos agrominerais vem sendo desenvolvida pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB/CPRM), além de empresas da iniciativa privada.

O potássio é encontrado, principalmente, em depósitos evaporíticos. A ocorrência mais comum é de silvinita, que constitui uma mistura de halita com silvita. Sua principal aplicação é na fabricação dos fertilizantescorrespondendo a cerca de 95% da produção mundial. No entanto, a indústria química consome os 5% restantes, na produção de reagentes, detergentes, explosivos e fogos de artifício. No texto de hoje, serão apresentadas as principais fontes, o mercado e as reservas de potássio, além das novidades advindas das novas pesquisas e os projetos em andamento no Brasil.

 

Principais Fontes de Potássio

O potássio é o sétimo elemento mais abundante na crosta terrestre. Dessa forma, apresenta uma grande variedade de minerais contendo o elemento. Porém, por questões da quantidade do elemento ou facilidade de solubilização, apenas uma pequena quantidade desses minerais, constituídos por cloretos e/ou sulfatos, são considerados economicamente viáveis para explotação.

Os principais minerais de potássio são silvita (KCI), contendo 63% de K2O, carnalita (KCl.MgCI2.6H2O), contendo 17%, cainita (KCI.MgSO4.3H2O), contendo 19%, langbeinita (K2SO4.2MgSO4), contendo 23%, polialita (K2SO4.MgSO.2CaSO4.2H2O), contendo 15,6%, schoenita (K2SO4.MgSO4 .6H2O), contendo 23,4%, e singernita (K2SO4.CaSO4.H2O), contendo 28%. Contudo, o mineral mais importante comercialmente é a silvita, embora carnalita, a cainita e a langbeinita também sejam fontes importantes do bem mineral.

Fontes de potássio, Cloreto de Potássio (KCl). Fonte: IStock.

Os depósitos evaporíticos constituem as mais importantes fontes de sais de potássio, devido à alta solubilidade em água dos sais derivados, e assim, são facilmente explotados e processados.  Dessa forma, são formados pela evaporação da água do mar em condições favoráveis à precipitação dos minerais, podendo ser em ambientes marinhos rasos subtropicais, regiões desérticas, polares, e até mesmo em aquíferos subterrâneos. Além disso, é possível ocorrer também em áreas continentais, a partir de água superficial que, ao entrar em contato com as rochas, solubilizam íons, e, ao serem drenadas para depressões, lagos, lagunas, playas ou sabakhas, precipitam esses íons na forma de minerais (CPRM, 2020). Em síntese, nos depósitos evaporíticos, a ocorrência mais comum é de silvinita, uma mistura de halita (NaCl) com silvita (KCl).

Distribuição global dos maiores e principais depósitos evaporíticos. Fonte: CPRM, 2020.

A Importante Relação Agricultura e Mineração

Tendo em vista a principal utilização do potássio, a relação entre a mineração e a agricultura é essencial para atender à crescente demanda na produção de alimentos. O uso de fertilizantes NPK, onde o potássio é matéria-prima indispensável, é o principal produto utilizado na agricultura. Dessa forma, buscar a independência ou a redução da dependência externa do bem mineral é importante no contexto do agronegócio brasileiro.

 

Mercado de Potássio

Extração de potássio. Fonte: Getty Images.

Segundo o Ministério da Economia, o Brasil importou, em 2019, cerca de 96,5% do cloreto de potássio, tornando-se o maior importador mundial desse mineral. Em 2021, segundo reportagem da Brasil Mineral, o mercado entrou em alerta devido à crise política na Bielorrússia, um dos maiores fornecedores mundiais de potássio, levando à elevação de preços e preocupação com o fornecimento do insumo.

 

Importação e Exportação

Segundo dados do IBRAM (2021), o Brasil como maior importador mundial de potássio, importou cerca de 10,45 milhões de toneladas, em 2019, e cerca de 11,5 milhões de toneladas, em 2020. Atualmente, os países que exportam cloreto de potássio para o Brasil são Canadá, Rússia, Bielorrússia e Israel, como mostra a figura abaixo.

Principais países exportadores do cloreto de potássio para o Brasil. Fonte: GlobalFert, 2018.

Ademais, no que tange às exportações brasileiras de potássio fertilizante, são destinadas, basicamente, a países da América do Sul. Segundo Relatório da DNPM-SE (2013), em 2012 as exportações atingiram, aproximadamente, 7.313 toneladas de K2O equivalente, referentes ao cloreto de potássio.

 

Novas oportunidades

Com base nos dados apresentados, sabe-se a importância de buscar novos horizontes dentro do nosso território. Em 2020, um Informe de Recursos Minerais para a Agricultura foi publicado pelo Serviço Geológico do Brasil, apresentando uma avaliação do potencial de potássio na Bacia do Amazonas, trazendo assim, oportunidades de reduzir a alta dependência externa de fertilizantes e atender a demanda na produção de alimentos.

Como resultado, a descoberta de novos depósitos com boa possibilidade de extração de potássio na bacia do Amazonas, ampliou a potencialidade de silvinita para cerca de 70%. Dessa forma, sabe-se que é possível diminuir a dependência de importação do bem mineral, caso a exploração desses depósitos seja ambientalmente, socialmente e economicamente viável de ser realizada.

Na Bacia do Amazonas, região das recentes pesquisas de minerais potássicos, são apresentadas um total de 360 autorizações de pesquisa, 106 requerimentos de pesquisa, 8 concessões de lavra e 3 requerimentos de lavra para sais de potássio. Dentre as empresas envolvidas têm-se Amarilo Mineração do Brasil Ltda, Potássio do Brasil Ltda, Serviço Geológico da Amazônia Ltda, entre outras. Por fim, esse cenário de oportunidades em andamento pode ser visto na figura abaixo.

Localização de áreas com requerimentos e solicitações de pesquisa, bem como com requerimento e concessões de lavra, solicitadas junto a ANM. Fonte: CPRM, 2020.

Reservas de Potássio

Segundo dados da ANM de Sergipe (2016), o ranking mundial de reservas de potássio é liderado pelo Canadá (23,5%), Rússia (20,2%) e Bielorrússia (17,6%), sendo também os maiores produtores mundiais. O Brasil ocupava a 11ª colocação em termos de reserva lavrável e 10ª posição em relação à produção mundial. Os gráficos abaixo mostram a distribuição das principais reservas e produção mundial de potássio.

Reservas Minerais de Potássio. Fonte: Sumário Mineral, 2017.
Produção Mineral de Potássio. Fonte: Sumário Mineral, 2017.

 

Reservas Brasileiras

Em suma, as reservas de sais de potássio no Brasil estão restritas aos estados de Sergipe e do Amazonas. Em Sergipe, nas regiões de Taquari/Vassouras e Santa Rosa de Lima, as reservas de silvinita totalizam 62,92 milhões de toneladas. Dessas, 55,20 milhões de toneladas de minério “in situ” (teor de 24,26% de K2O) estão em Santa Rosa de Lima e 9,5 milhões de toneladas estão em Taquari/Vassouras (teor de 14,9% de K2O), correspondendo a 1,4 milhões de toneladas de K2O equivalente “in situ”, representando a reserva lavrável. No Amazonas, as reservas medidas de sais de potássio, nas regiões de Autazes, Nova Olinda do Norte e Itacoatiara são da ordem de 860 milhões de toneladas (CPRM, 2019).

Reservas Brasileiras de Potássio. Fonte: Consultoria Legislativa, 2015.

Projetos em desenvolvimento no Brasil

Mina em operação. Fonte: Getty Images.

Diante das informações apresentadas, sabe-se que as reservas brasileiras estão concentradas. Assim, temos a Mina de Taquari-Vassouras, no Sergipe, que pertence atualmente ao grupo americano Mosaic Fertilizantes, com a extração de silvinita. Em operação desde 1974, Taquari-Vassouras está na proximidade de exaustão, ressaltando a importância da busca por novos projetos.

Como resultado dessa busca, a Companhia Potássio do Brasil S.A  possui um projeto em Autazes, no Amazonas, para exploração de potássio. O projeto está em fase de implantação e estima-se a produção de cerca de 20 a 30% do potássio que o Brasil necessita anualmente pelos próximos 30 anos.

Em suma, temos um grande potencial de exploração deste bem mineral no Brasil. Sendo assim, é provável que outros projetos sejam iniciados, diante dos vários processos minerários em andamento. Um Brasil autossuficiente em potássio é uma possibilidade, e o caminho até essa realidade está sendo traçado.

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Referências:

  • IBRAM
  • Serviço Geológico do Brasil (SGB/CPRM)
  • Sumário Mineral (ANM)